Nome: Luís Seco
Profissão: Professor de Inglês
Data de nascimento: 1974
Local de nascimento: Évora
Local de residência: Évora
Próximas viagens: Não está nada planeado, mas quero muito ir ao Vietname/Laos/Camboja, Irão, Balcãs, Nova Iorque, Austrália (e voltar a Marrocos)
Blog: Foto Viajar
1. O que significam as viagens para si?
Para mim, as viagens são descoberta e liberdade. Sempre fui muito curioso por tudo o que não conheço, ou não faz parte do meu dia a dia, e sempre tive dificuldade em estar sossegado, tanto a nível físico como espiritual. A verdade é que não consigo estar parado muito tempo. Passar uma manhã ou tarde na praia deitado enche-me de stress. Tenho de me mexer, de descobrir o que está “depois da próxima esquina”.
Adoro partir em road trips porque a sensação de liberdade é imensa. Na maioria das vezes, não marco hotéis antecipadamente, o que me permite mudar de ideias e decidir no momento se vou para a esquerda ou para a direita, se fico um dia ou três.
Aliado a tudo isto, está a maior das aventuras, ou seja, ser pai e viajar em família, com a minha mulher e filha (que tem hoje 11 anos). Por isso, viajar também significa criar laços cada vez mais fortes e ter a oportunidade de ver a minha filha a crescer enquanto ser humano mais tolerante, curioso e desenvolto, apegado muito mais a experiências enriquecedoras do que a objetos.
2. Entre os destinos que já visitou, há algum que o tenha marcado de forma especial? Conte-nos.
Refiro duas “marcas” que me ficaram, por razões completamente diferentes. Primeiro, o deserto do Saara, na Tunísia e em Marrocos, por toda a paz que me faz sentir. Talvez porque a imensidão me acalma a tal ânsia de ver o que está a seguir. No deserto de areia, para além de subir e descer dunas, fico feliz estando sentado, só a sentir o vento na cara.
O segundo destino que me marcou foi o Japão, a viagem do último verão. Era um desejo já muito antigo. Acho que, de uma maneira geral, a forma como aquela sociedade se organiza, o respeito pelo outro e pelo bem comum, pode muito bem ser um exemplo a, pelo menos, ponderar por toda a gente.
3. O que mais o influencia na hora de escolher um destino de viagem?
Acima de tudo, tenho de contar com o tempo que tenho disponível. Não vou para o outro lado do mundo se só tiver 7 dias de férias. Às vezes, certos países são adiados anos (como o Japão), à espera do momento certo. Mas também funciono muito por vontades repentinas. Uma vez, em 2005, estava na Áustria e meti na cabeça que queria ir a Dubrovronik. O nome estava tão presente em mim por causa do que aconteceu na Guerra dos Balcãs que “tinha” mesmo de lá ir. Foram quase 900 km de carro, mas fui.
É claro que também acabo por ser influenciado pelo que leio e vejo nos blogs de viagem ou na comunicação social: uma paisagem, um nome, uma oportunidade de fazer uma road trip… Até reduzir a lista a 2 ou 3 potenciais destinos nem sequer digo nada à minha mulher, porque ela ficaria louca com o meu mudar de ideias constante. Nesse aspeto sou um péssimo viajante, nunca consigo planear uma viagem com muito tempo de antecedência, o que é mau para a carteira.
4. Já viveu fora de Portugal mais que seis meses? Se sim, onde e o que retirou dessa experiência?
Nunca. Mas gostava.
5. Explique o que é o seu blog de viagens e a razão da sua existência.
Essencialmente, o Foto Viajar é um blog onde conto as minhas próprias experiências de viagem e dou muita informação prática. Tem imensos guias de cidades e também os roteiros das tais road trips. Gosto ainda de pensar que inspiro os meus leitores a viajar mais com os filhos, deixando de parte a maioria dos receios e das dúvidas.
Adoro receber contactos de pessoas que me dizem que as ajudei a viajar mais ou a definir um itinerário. O blog nasceu precisamente com esse objetivo numa altura, 2008, em que a minha mulher estava grávida e eu me apercebi que não iríamos viajar muito durante um ano. Ao ver as fotografias de viagens passadas, decidi usar o tempo que então tinha para escrever e ajudar outras pessoas. Na altura, devia haver uma meia dúzia de outros blogs de viagem em Portugal. Os primeiros artigos foram sobre uma viagem de 8.000 km na Europa.
6. Como surgiu o nome do blog?
De uma forma muito natural. O nome simplesmente conjuga duas coisas que adoro, fotografar e viajar. A fotografia já teve muitas fases na minha vida mas, sobretudo, fotografo o que vejo e me provoca sensações. Fico sempre surpreendido com as memórias que se começam a revelar a partir de uma mera imagem que consegui registar. A ideia original do blog era quase criar o verbo “fotoviajar”, algo que podemos fazer antes ou depois de partir.
7. Destaque um dos posts de que mais gosta no seu blog e explique porquê.
Destaco o Roteiro de Viagem à Islândia, já que representa uma viagem meio louca que fiz a um país cujas paisagens me deixaram fascinado. Digo meio louca porque dei a volta completa à ilha de carro em poucos dias, visitando inclusivamente uma das zonas mais selvagens e remotas da Islândia: os fiordes ocidentais. Foi uma escolha da curiosidade e teimosia, de que não me arrependo, apesar da viagem ter sido feita mais depressa do que devia.
8. Alguma dica para quem pretende começar agora um blog de viagens?
É relativamente fácil começar um blog de viagens hoje em dia. Mas a decisão tem de partir da razão certa: o prazer da partilha. Depois, com o tempo, podem surgir outros objetivos que já implicam mais conhecimentos. É aqui que a troca de experiências na ABVP se torna extremamente útil (e, ao mesmo tempo, gratificante).
Sugiro que nunca deixem de viajar apenas pelo prazer da viagem e de estarem com quem escolheram como companheiros de aventura. No regresso a casa, é preciso ter noção de que levar um blog de viagens “mais além” implica, como tudo na vida, muitíssimo trabalho e dedicação. O último conselho tem de ser: escrevam, escrevam, escrevam.
9. Que papel desempenham os blogs junto de outras pessoas que gostam de viajar?
Acredito que, atualmente, os blogs de viagens são O ponto de partida para quase todos os viajantes. A informação provém daqueles que, cada um à sua maneira, criaram os itinerários e viveram as experiências. Os leitores reconhecem o valor e a ética por trás do trabalho da grande maioria dos bloggers, algo que está nos objetivos da própria ABVP.
Apesar desta busca crescente pelo conteúdo dos blogs, na minha opinião, é importante deixar claro que cada viajante terá memórias muito mais valiosas se fizer as suas descobertas pessoais, ao invés de tentar seguir os passos de outros.
10. Qual é o seu maior sonho por cumprir?
Não me parece que tenha propriamente um sonho no campo das viagens. Nem de atingir um determinado número de países visitados, nem de fazer isto ou aquilo. Tenho, isso sim, muitos desejos, que passam inclusivamente por não fazer grandes planos. Vou continuar a escolher os meus destinos em função da minha/nossa vontade na altura.
Se calhar, o “sonho” no campo das viagens, neste momento, não passa pelo “ir” mas pelo caminho inverso, no qual estou muito focado. Apaixonei-me outra vez pelo meu Alentejo cada vez que voltei de outro país e me apercebi do valor e das potencialidades desta região. Através do meu projeto VisitÉvora, quero continuar a divulgar as experiências únicas e autênticas que por cá acontecem, ainda muito longe do turismo de massas e sem sustentabilidade.