Viagens com história e as estórias de Catarina Leonardo (entrevista)

Hoje iniciamos um ciclo de entrevistas que permitirá dar a conhecer os fundadores da ABVP – Associação de Bloggers de Viagem Portugueses e, no futuro, os seus associados.

São nove os viajantes iniciais que se reuniram para formar a ABVP, um esforço conjunto que pretende valorizar o trabalho dos bloggers, em harmonia com alguns princípios éticos. A primeira entrevistada, Catarina Leonardo, é uma das grandes mentoras deste projeto associativo, entusiasta da história dos lugares que visita e autora do blog Wandering Life.

Nome: Catarina Leonardo

Profissão: Blogger de viagens

Data de nascimento (ano): 1979

Local de nascimento: Faro

Local de residência: Lisboa

Próximas viagens: Ásia, talvez Filipinas

Blog: Wandering-life

1. O que significam as viagens para si?

Viajar é a forma mais espetacular que existe de conhecer o mundo em que vivemos. Por outro lado, é uma forma de nos desafiarmos em locais onde nunca estivemos e, por isso, não temos qualquer referência. Adoro a sensação de chegar a um destino onde nunca estive, sair e embrenhar-me na cidade. Tudo é novo e estimulante, quase como se fôssemos crianças outra vez. É a minha prioridade.

2. Entre os destinos que já visitou, há algum que a tenha marcado de forma especial? Conte-nos.

Já estive em vários locais que, de alguma forma, me marcaram. O que
mais se destacou foi porventura Varanasi, na Índia. É um local muito antigo e sagrado para os hindus, por ser banhado pelo Ganges. Um hindu deseja que as suas cinzas sejam lançadas no rio e, desta forma, os seus pecados purificados.

Por esta razão Varanasi é uma cidade mística, com um ambiente único no mundo. As pessoas vão para morrerem, passam os seus dias junto ao rio. Quando chega a sua hora, são levadas e colocadas numa pira de madeira, que arde até o corpo deixar de existir… Assistir a tudo isto faz-nos pensar na nossa morte, na relação que temos com ela e, de certa forma, na nossa vida.

É impossível ficar indiferente.

3. O que mais a influencia na hora de escolher um destino de viagem?

Normalmente tenho sempre alguns destinos em mente, como consequência de fotos que vejo ou de textos que vou lendo. Tenho muita curiosidade em relação à História, por isso gosto de viajar para locais onde sei que aprenderei algo, ou que me permitirão experiências enriquecedoras desse ponto de vista.

Dentro dessa lista dou prioridade a países mais quentes do que Portugal, porque a temperatura é algo que me influencia imenso. Também viajo para locais frios, mas confesso que sou muito mais feliz quando posso andar de t-shirt!

Algo que também me ajuda a decidir são as condições de saúde e de segurança existentes num destino, porque viajo quase sempre com a minha filha de quatro anos. Já antes o fazia, claro. Mas agora dou mais importância e pesquiso de forma mais pormenorizada. Desde que ela nasceu e que viaja comigo tenho evitado destinos com malária, por exemplo.

4. Já viveu fora de Portugal mais que seis meses? Se sim, onde e o que retirou dessa experiência?

Já passei algum tempo fora, mas infelizmente ainda não seis meses. Gostava imenso, pretendo fazê-lo nos próximos anos.

5. Explique o que é o seu blog de viagens e a razão da sua existência.

No meu blog de viagens escrevo sobre as minhas viagens, com algum enquadramento histórico. Tenho como objetivo inspirar a viajar de forma interessada. Penso que faz muito mais sentido, e torna a viagem mais enriquecedora, saber um pouco da história do local que visitamos, do monumento onde entramos ou do prato que provamos.

Procuro manter o equilíbrio entre questões mais práticas, resultantes da minha experiência, com uma “leve” explicação histórica do que vi. Tirar uma fotografia ao coliseu de Roma é espetacular, mas saber o que já lá se passou torna a experiência muito mais interessante…

6. Como surgiu o nome do blog?

Quando criei o blog batizei-o de “Viajar pela história”, para refletir a minha abordagem à escrita de viagens. Com o tempo fez sentido mudar o design do blog, dar-lhe um ar mais limpo e profissional, e nessa altura mudei o nome.

Wandering life significa vida errante, a busca incessante de novos locais e de novas respostas. Reflete a minha personalidade, a minha forma de estar e, consequentemente, o sentimento que coloco no que escrevo.

7. Destaque um dos posts de que mais gosta no seu blog e explique porquê.

De tudo o que envolve o trabalho do blog, o que eu mais gosto é de me debruçar a fundo sobre um determinado tema da história. Adoro pesquisar, estabelecer relações entre toda a informação e organizar o meu pensamento de forma a escrever um texto interessante.

Um dos últimos que me deu imenso gozo escrever foi sobre o Palácio da Pena. É um local que eu gosto muito, inserido numa região lindíssima e que envolve uma história muito interessante.

8. Alguma dica para quem pretende começar agora um blog de viagens?

Em primeiro lugar, é muito importante perceber exatamente tudo o que implica ter (e manter) um blog de viagens. Além da produção de conteúdos, que é o mais visível, é interessante perceber todo o trabalho de back office necessário. Coisas como SEO e redes sociais, por exemplo.

Começar um blog deverá ser uma decisão consciente de todo o trabalho que implica, para não se desistir logo nos primeiros tempos. Se assim for, não vale a pena o trabalho!

9. Que papel desempenham os blogs junto de outras pessoas que gostam de viajar?

Penso que podem ajudar de duas formas diferentes. Por um lado dão dicas importantes sobre locais a visitar, do sítio mais adequado onde dormir ou comer. Graças a isso, já comi em restaurantes fantásticos que dificilmente encontraria de outra forma. Um blogger é alguém que já esteve no local que queremos visitar e que pode  fornecer informação importante.

Por outro lado, quando escreve textos mais inspiracionais , quase nos sentimos no local onde ele esteve, vivendo o que viveu. Isto pode motivar a viajar ou, pelo menos, saber o que esperar de um destino.

10. Qual é o seu maior sonho por cumprir?

Tenho muita vontade de fazer uma viagem de longa duração. Quero muito sentir a liberdade de não ter dia para chegar.

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Ruthia Portelinha
Ruthia Portelinha

Viajante, mãe babada, chocólatra, amante de livros e museus.
Autora do blog O Berço do Mundo.

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