Nome: Ana CB
Profissão: Tradutora
Data de nascimento: 1961
Local de nascimento: Lisboa
Local de residência: Santarém
Próximas viagens: para onde as oportunidades me levarem
Blog: Viajar Porque Sim
1. O que significam as viagens para si?
Liberdade. É quando viajo que me sinto verdadeiramente livre e não condicionada. Em viagem posso descontrair, arejar a cabeça, esquecer as obrigações, escolher o que quero fazer a seguir – sair da rotina que a sobrevivência quase sempre me impõe.
Significam também aprendizagem: conhecer o mundo e conhecer-me melhor a mim própria. A melhor forma de conhecer outras culturas e outras sociedades é ao vivo, no local, sentindo e respirando os ambientes, falando com as pessoas, experimentando as comidas. E o desconhecido é sempre desafiante, põe-me à prova, suscita-me emoções, obriga-me a sair da minha zona de conforto e fico a saber de que é que sou (e por vezes não sou) capaz.
2. Entre os destinos que já visitou, há algum que a tenha marcado de forma especial? Conte-nos.
A viagem que fiz à Costa Rica há alguns anos. É um país extraordinário, onde a natureza e a vida selvagem são respeitadas, e as pessoas vivem de forma simples e descontraída. Foram duas semanas a percorrer uma boa parte do país, e foi a primeira grande viagem que fiz de forma independente, sem nada previamente marcado a não ser os voos e o alojamento da primeira noite.
Igualmente especial foi a viagem recente à Islândia. É também um país onde a natureza molda não só a paisagem, mas sobretudo o carácter e a vida das pessoas que lá vivem. E é paradoxal que num ano negro para o turismo, eu tenha tido a sorte de fazer aquela que considero uma das melhores viagens da minha vida.
3. O que mais a influencia na hora de escolher um destino de viagem?
Depende. Pode ser simplesmente uma imagem que vi por acaso em qualquer lado, algo que li, uma conversa. Quando era criança, o meu pai comprou um livro de viagens, enorme, com textos e fotografias de um grande número de lugares em todo o mundo. Este livro maravilhou-me – diria mesmo que me marcou. Já visitei vários dos locais que ele refere, e outros continuam a fazer parte da minha lista de desejos de viagem.
Na generalidade, tenho uma preferência especial pela natureza, pelos sítios pouco tocados pelo Homem. Mas também gosto das cidades, da sua arquitetura e história, dos seus museus. E cada vez aprecio mais as pequenas aldeias onde o tempo parece ter parado.
4. Já viveu fora de Portugal mais que seis meses? Se sim, onde e o que retirou dessa experiência?
Não, nunca vivi fora de Portugal. Mas está nos meus planos, quando a minha situação profissional o permitir.
5. Explique o que é o seu blog de viagens e a razão da sua existência.
O meu blog é como os meus gostos: muito variado. Nasceu precisamente da viagem à Costa Rica de que já falei, da apetência que sempre tive pela escrita e da necessidade que senti de escrever sobre essa viagem, uma forma de a reviver e de a fixar melhor na minha memória.
Como tinha preparado a viagem essencialmente com base em pesquisas na internet e não tinha encontrado quase nada em português, achei que essa minha experiência talvez pudesse ajudar outras pessoas, e a forma mais simples de o fazer seria com um blog.
Sete anos depois, continua a ser este o espírito que me leva a escrever: partilhar o que tenho vivido, procurar o que é por vezes menos óbvio, inspirar quem sonha com viagens (e quem não sonha também); e, sobretudo, mostrar que hoje em dia fazer viagens memoráveis está ao alcance de todos, independentemente do sexo, da idade, da forma física, ou do saldo bancário.
6. Como surgiu o nome do blog?
“Porque sim” é aquela resposta que se costuma dar quando não há uma razão lógica para alguma coisa, e é isso que sinto em relação à minha paixão por viajar: não tem explicação.
7. Destaque um dos posts de que mais gosta no seu blog e explique porquê.
Em junho de 2017, quando os fogos de Pedrógão Grande e Góis se uniram e o país estava em choque pelo horror dos acontecimentos, escrevi o post “O meu país”. Foi um post muito emocional, que saiu direitinho do meu coração e, por isso, é um dos meus preferidos.
Tenho ainda um orgulho especial no artigo sobre Angra do Heroísmo, não só porque a cidade foi uma grande surpresa, mas sobretudo porque o post foi lido e comentado com imenso carinho por muitos terceirenses – e não há nada melhor do que saber que o que escrevo mexe com a sensibilidade de quem lê.
E há também o post sobre a viagem que fiz a Veneza – sem dinheiro nem cartões bancários, porque me tinha esquecido da carteira em casa e só dei por isso no destino. Foi uma viagem praticamente não planeada e com algumas peripécias, mas gostei muito mais do ambiente da cidade do que estava à espera.
8. Alguma dica para quem pretende começar agora um blog de viagens?
Há três condições que penso serem essenciais: gostar de escrever, gostar da língua portuguesa, e querer fazer algo de diferente. Depois, claro, é também preciso persistência, espírito de sacrifício para conseguir passar horas a tentar aperfeiçoar textos e fotografias, boa memória, alguma organização, e vontade de querer fazer sempre mais e melhor. Resumindo: não basta gostar de viajar.
9. Que papel desempenham os blogs junto de outras pessoas que gostam de viajar?
Os blogs de viagem são cada vez mais uma fonte tanto de inspiração como de informação para quem viaja. Falam, na sua maioria, de experiências reais, sugerem roteiros para todos os tipos de viajantes, desvendam segredos de lugares que nem sabíamos que existiam, e mostram formas alternativas de viajar.
Já são, atualmente, um dos meios mais fiáveis e importantes de divulgação da oferta turística de cada país. Além de tudo isto, alguns são também uma excelente leitura.
10. Qual é o seu maior sonho por cumprir?
No capítulo das viagens, há três destinos mais longínquos, com os quais já sonho há muitos anos, mas ainda não tive a oportunidade de conhecer: a Ilha de Páscoa, a Polinésia Francesa, e a Patagónia. Quem sabe, talvez este ano me surpreenda com a oportunidade de visitar algum deles…