Neste artigo, deixo algumas dicas sobre como organizar uma blog trip para bloggers de viagem, por forma a proporcionar a melhor experiência possível e, assim, conseguir melhor retorno para o seu investimento. Tudo em prol de relações éticas e duradouras.
Blog trips: o que são
Blog trips são viagens organizadas por órgãos de turismo oficiais ou empresas do setor (como companhias aéreas) com o objetivo de promover determinados destinos, hotéis ou serviços.
A ideia é convidar bloggers de viagem, na qualidade de formadores de opinião, a viverem pessoalmente uma experiência para que possam compartilhá-la com os seus leitores e, dessa forma, contribuir para a divulgação dos destinos e serviços que experimentaram.
Trata-se de uma prática de longa data na imprensa tradicional – especialmente jornais e revistas de viagens (as chamadas press trips) – mas, ao trabalhar com blogs de viagem, recomendo que tenha em mente algumas características próprias da criação do conteúdo digital. Eis, pois, algumas sugestões para organizar uma blog trip com bloggers de viagens bem sucedida.
Dicas para organizar uma blog trip
#1 Prefira grupos reduzidos
Apesar de ser muito tentador maximizar o alcance da viagem convidando dezenas de bloggers de viagem, saiba que essa estratégia é, quase sempre, um tiro no pé. Se quer conteúdos únicos, originais e positivos, preocupe-se em proporcionar experiências únicas e autênticas a um pequeno número (4 a 6) de bloggers.
Não tenha a menor dúvida de que é preferível organizar várias viagens para grupos pequenos do que uma única para dezenas de bloggers (ninguém gosta de passar horas num autocarro de 52 lugares e, muito menos, de ter conteúdos iguais a todos os colegas).
#2 Não convide apenas os grandes blogs
Uma das questões que se coloca aos promotores de uma blog trip é quem convidar. Nesse aspeto, poderemos ajudá-lo a escolher os bloggers de viagem que mais se adequam aos seus objetivos. E isso nem sempre significa incluir apenas os blogs com maiores audiências.
Uma das grandes virtudes da Internet é a democratização da produção de conteúdos. Qualquer pessoa com uma paixão e muito talento e empenho pode produzir conteúdos de grande qualidade sobre um tema específico – e isso faz com que possam existir projetos mais pequenos mas focados em nichos qualificados, com audiências mais reduzidas mas muito ativas. Exemplos clássicos são a gastronomia em viagem e o turismo de luxo – mas há muitos outros nichos.
Quer isto dizer que, apesar de naturalmente relevante, o volume de audiência de um blog não deve ser o único – ou sequer o principal – critério de seleção da lista de blogs convidados. Em termos de resultados, é importante trabalhar com bloggers credíveis e de qualidade, que possam gerar engagement junto do seu público-alvo.
Assim, procure os bloggers de viagem que atuem nos nichos de interesse da sua marca ou destino, que partilhem os mesmos valores e estilo de viagem representados pela sua empresa ou destino. Só assim o conteúdo gerado a partir da viagem terá a dose certa de autenticidade e será bem recebido pelos leitores. Por exemplo, não faz sentido convidar um blog focado no público mochileiro para uma viagem de luxo às Maldivas. Nem o inverso, claro está.
#3 Em viagem, por vezes menos é mais…
Um dos problemas mais comuns das blog trips tradicionais é o exagerado número de atividades diárias – e o pouco tempo disponível para “sentir” os lugares. Isto porque, salvo honrosas exceções, as entidades de turismo locais julgam que, quanto mais mostrarem do destino, melhor. É um erro crasso!
Nas blog trips, é comum que o grupo se mantenha junto cumprindo a mesma agenda de compromissos e atividades guiadas (como visitas a museus, passeios a pé ou outras atividades). Apesar da inegável importância dessas atividades, considere permitir alguns períodos de tempo livre para que cada blogger faça coisas por sua iniciativa, indo de encontro aos temas específicos dos seus projetos (pode haver quem adore museus, outros preferem igrejas, outros não dispensam cafés acolhedores, outros ainda gostam de falar de compras…).
Como regra, é sempre positivo oferecer passes de transporte e city cards com entrada incluída em museus e outras atrações, para permitir que os bloggers explorem os destinos de acordo com seus ritmos e interesses. Lembre-se que cada blogger tem o seu estilo e linguagem, pelo que é importante haver tempo para se expressarem (seja conversar com habitantes locais, seja tirar selfies ou fazerem vídeos para as stories do Instagram). Dessa forma, os conteúdos resultantes serão seguramente mais diversificados – com abordagens próprias e criativas – e de maior qualidade.
Não menos importante, é bom lembrar que o trabalho de blogger de viagem é muito exigente. Muitos dos bloggers são criadores de conteúdos em vários formatos e plataformas, pelo que é necessário tempo para fotografar, filmar, falar com pessoas, atualizar as redes sociais e, uma vez de regresso ao hotel, guardar o material recolhido, editar, fazer backups e recarregar todos os equipamentos digitais. Ou seja, tenha em consideração tudo isso ao montar a agenda de uma blog trip.
#4 Remunere o trabalho do blogger
Acredito que todo o trabalho deve ser remunerado, e a produção de conteúdos em contexto de viagem não deverá ser exceção.
Assim, ao orçamentar uma blog trip, para além de todas as despesas da viagem (com transportes, alojamento, alimentação e entradas em monumentos ou outras atividades), considere um valor / dia a pagar a cada criador de conteúdos. Não como ajuda de custo, mas como remuneração pelo tempo dedicado à criação de conteúdos (note que os bloggers tendem a produzir conteúdos muito para lá do período da viagem).
Como é evidente, os bloggers não têm todos a mesma tabela de preços – os valores podem variar em função de variáveis como o tamanho da audiência ou o engagement do seu público. Podemos ajudá-lo a encontrar o valor justo a pagar a cada blogger.
#5 Respeite o trabalho do blogger
Tal como nas press trips para jornalistas de revistas de viagens, é fundamental respeitar a liberdade editorial do blogger. Evite impor condições sobre o que escrever ou como o fazer.
Se o convite para uma blog trip estiver dependente da aceitação de determinadas condições, deixe isso claro desde o início, para que os bloggers tenham oportunidade de recusar o convite caso não concordem com os termos. Note que todos os associados da ABVP estão sujeitos a um Código de Ética que valoriza a autenticidade e a transparência com os seus leitores.
#6 Aposte em relações profissionais éticas
Este é um mercado em formação e cabe a todos os intervenientes contribuir para a existência de um ambiente de negócios saudável. Estabelecer relações éticas é fundamental tanto para os blogs, cujo sucesso em muito se baseia na confiança dos leitores, quanto para as empresas, que procuram visibilidade, credibilidade e conversões nas plataformas editoriais.
#7 Envolva a sua equipa de marketing
As blog trips constituem oportunidades únicas para alimentar as redes sociais oficiais da sua empresa ou promotor do destino com conteúdos originais e criativos. Nesse sentido, recomendo que partilhe de forma clara os seus objetivos com os bloggers envolvidos, incluindo hashtags ou handles que gostaria de ver utilizados. Não imponha, recomende.
Não menos importante, a equipa de marketing digital pode – e deve – acompanhar, interagir e compartilhar os conteúdos criados pelos bloggers de viagem durante e após a blog trip. Dessa forma estará a potenciar o alcance dos conteúdos criados e, com isso, a aumentar o ROI (Return on Investment) da ação.
ola gostaria de fazer parte da associaçao dos bloggers de viagens portuguese.
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