Do tamanho dos seus sonhos: Carla Mota (entrevista)

Nasceu já irrequieta, sonhadora e temerária. Os anos só aumentaram a sede de aventura, até que se lançou no mundo. E nunca mais parou. Atualmente, esta professora de Geografia aproveita um ano sabático para dar uma volta ao mundo com o seu inseparável companheiro: o Rui Pinto.

Nome: Carla Mota

Profissão: Geógrafa

Data de nascimento: 1975

Local de nascimento: São João da Madeira

Local de residência: Guimarães

Próximas viagens: atualmente numa volta ao mundo

Blog: Viajar entre Viagens

1. O que significam as viagens para si?

Viajar é uma das coisas mais importantes da minha vida. Trabalho para ter independência financeira e ser aquilo que sou de alma e coração: viajante. Tenho uma sede (incontrolável) de conhecer o mundo, as culturas, as pessoas, os diferentes modos de vida, as paisagens. Tenho uma vontade enorme de voltar a partir, sempre que estou parada.

É um vício, um vício saudável e é isso que torna as viagens tão gratificantes. Nunca seria verdadeiramente professora se não viajasse. Como podemos ensinar se não vemos com os próprios olhos? Viajar faz parte da nossa formação. Mantém-nos atualizados sobre o que se passa no mundo: conflitos, relações humanas, desenvolvimento, confrontos, segurança, questões de saúde, tudo.

Fazer novos amigos em Bali.

2. Entre os destinos que já visitou, há algum que a tenha marcado de forma especial? Conte-nos.

Em primeiro lugar, a Índia, pela pressão demográfica, pelo assalto aos sentidos, pela constante adrenalina. Viajar na Índia é uma lição de vida; é um misto de sentimentos: agora odiamos, agora adoramos. Aprendemos todos os dias, a todas as horas. Nunca sabemos o que vai acontecer no momento seguinte. Não sabemos se daqui a 15 minutos vamos rir ou chorar. O país toma conta de nós. Diria que a Índia não é um país, é outro planeta.

Por outro lado, a Argentina é o país do nosso coração. São as paisagens naturais, a montanha, os glaciares, as planícies a perder de vista. É a natureza no seu melhor. As quedas de água do Iguaçu, a Terra do Fogo ou a Patagónia são dos lugares mais bonitos da Terra.

3. O que mais a influencia na hora de escolher um destino de viagem?

A carga cultural do país. Procuro o choque cultural, a surpresa e o inóspito.

4. Já viveu fora de Portugal mais que seis meses? Se sim, onde e o que retirou dessa experiência?

Vivi em Mendoza, na Argentina, durante um ano. Foi um dos melhores anos da minha vida. Estava a desenvolver o doutoramento no Aconcágua, nos Andes, e aproveitei para viajar pela América do Sul, sozinha, no ano seguinte. Foi maravilhoso, uma aprendizagem pessoal e profissional ímpar.

Mergulho junto das ilhas Gili.

5. Explique o que é o seu blog de viagens e a razão da sua existência.

Já viajávamos há algum tempo quando iniciámos o blog. Em 2007, eu e o Rui fizemos uma viagem de 2 meses à Índia, onde enfrentámos vários desafios, físicos e psicológicos, que mereciam ser contados. Essa viagem foi um teste à nossa vontade de conhecer o mundo mas, na altura, não a partilhámos com ninguém. Aquilo que aprendemos e sentimos, aquilo que conhecemos, devia ser visto por mais pessoas. Quando chegámos era impossível fazer um blog, os sentimentos já não eram os mesmos.

Assim quando, no ano seguinte, decidimos ir para a América do Sul, criámos um blog para contar essa aventura. Passámos a reunir as nossas viagens em diferentes blogs, criando um novo para cada viagem de cerca de 2 meses. No entanto, não partilhávamos as viagens mais curtas. Surgiu assim o Viajar entre Viagens, para partilhar “viagens pequenas”; começámos por escrever sobre Itália, Grécia, Marrocos, Paraguai, Uruguai, Irão, etc.

Em 2010/2011, quando estive a trabalhar e a viajar na Argentina e no Chile, também partilhei ali toda a experiência. Depois de criarmos uma página no Facebook associada, o blog cresceu rapidamente e tornou-se o nosso projeto principal. Quando demos conta já tínhamos mais de 2 mil seguidores, atualmente são 42 mil. Decidimos que este blog reuniria todas as nossas aventuras. 

6. Como surgiu o nome do blog?

Expliquei acima 🙂

7. Destaque um dos posts de que mais gosta no seu blog e explique porquê.

Há um artigo sobre a Índia que é um dos meus favoritos, porque sou eu que estou naquelas palavras. E o nosso blog é isso, é parte de nós.

No topo do monte Rinjani, em Bali.

8. Alguma dica para quem pretende começar agora um blog de viagens?

Paixão, perseverança e trabalho. Quem conseguir reunir estas três condições, deve fazê-lo.

9. Que papel desempenham os blogs junto de outras pessoas que gostam de viajar?

Penso que têm um papel cada vez maior e mais útil. Há cada vez mais influenciadores na área das viagens, mas também se vai percebendo a diferença entre os simples apaixonados pela partilha e os projetos de qualidade. É muito difícil manter a qualidade de um blog e dos conteúdos, mas o público em geral consegue perceber isso e torna-se fiel a determinados projetos que, felizmente, são cada vez mais e de melhor qualidade.

10. Qual é o seu maior sonho por cumprir?

Todos! O meu mundo é feito de sonhos. Sonho a dormir e acordada. Sonho de dia e de noite. Todos os dias sonho com o que posso fazer amanhã. E luto muito para o cumprir. Os meus grandes sonhos talvez sejam ir à Antártida e percorrer África a pé, de norte a sul. Tal como todos os outros sonhos, tenciono cumpri-los.

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Ruthia Portelinha
Ruthia Portelinha

Viajante, mãe babada, chocólatra, amante de livros e museus.
Autora do blog O Berço do Mundo.

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