A pandemia de COVID-19 colocou as pessoas em casa e mudou os hábitos diários dos consumidores.
Se os níveis de utilização da internet e das redes sociais estavam em crescimento há vários anos, a crise provocada pelo Coronavírus veio criar um recurso às plataformas digitais ainda maior.
De acordo com um estudo apresentado pela Later, em parceria com a Fohr, o tempo que os utilizadores passam diariamente ao ecrã do telemóvel aumentou 18%, chegando a atingir em média mais de 5 horas.
A interação com os conteúdos também subiu exponencialmente, com cerca de 80% dos influenciadores a reportarem que os seus públicos estão agora mais recetivos e reativos ao que lhes é apresentado.
COVID-19: UMA NOVA ABORDAGEM ÀS VIAGENS
Viajantes fechados em casa e sem possibilidade de criarem o tipo de conteúdo a que estavam habituados – o que fizeram os associados da ABVP – Associação de Bloggers de Viagem Portugueses para fazer face a esta realidade e, simultaneamente, beneficiar desta nova era digital?
Inovaram!
A grande maioria debateu-se, numa primeira fase, com o que podia publicar numa altura em que todos estavam em casa, com as saídas restringidas ao mínimo essencial. Teria o público vontade de ouvir falar sobre viagens quando não podia sair à rua?
A conclusão parece ter sido generalizada: há que manter o sonho vivo e levantar os ânimos, pesados com todas as notícias em torno da crise. “Viajar sem sair de casa” passou a ser o lema. Ou seja, todos continuamos a sonhar com os locais que queremos visitar quando a pandemia passar.
O Instagram foi a plataforma escolhida pela maioria para ir alimentando tal sonho. E multiplicaram-se as iniciativas nesse sentido.
Muitos — como a Marta Geadas Durán (Boleias da Marta) ou eu (Marlene On The Move) — criaram lives regulares com outros viajantes para recordar viagens e aventuras vividas, com bastante interação dos utilizadores.
Outros foram ainda mais longe. Foi o caso da Andreia Castro (Me Across The World) que, como profissional de saúde, criou lives com outros médicos, mas também enfermeiros, onde abordaram toda a situação vivida em torno da COVID-19.
A Catarina Gralha (Mundo Indefinido) continuou com o seu podcast, também contando as histórias de outros viajantes. Já o André Parente (Tempo de Viajar) promoveu sessões gratuitas com os seus seguidores sobre “como viajar de forma independente”.
A Matilde e o Miguel (TravelB4Settle), bem como a Lígia Gomes (A Crush On) trouxeram a sua experiência como remote workers para dar dicas a outros potenciais nómadas digitais. Sempre com o humor que lhes é caraterístico.
A Carla Mota e o Rui Pinto (Viajar Entre Viagens), obrigados a pôr em standby a sua volta ao mundo por causa do Coronavírus, decidiram levar um pouco desse mundo para dentro dos nossos lares, com vídeos no Youtube sobre os seus souvenirs, livros e a história por detrás deles.
Outros contribuíram também com literatura de viagem para esta altura de confinamento: a Ruthia Portelinha (Berço do Mundo) publicou a sua seleção de leituras para sonhar com destinos distantes e o Filipe Morato Gomes (Alma de Viajante) ofereceu o seu primeiro livro (versão e-book).
A dupla gourmet Diana Bencatel e Ricardo Mendes (Explorandar) propôs uma série de visitas virtuais. Os viajantes com crianças também deram largas à imaginação, como é o caso da Fabiola Salema (Os Salemas), que encenou destinos longínquos.
O dia a dia passado em casa, ações de exercício físico, dotes culinários e viagens passadas povoaram o Instagram dos nossos associados, sempre com criatividade nas imagens e nas descrições.
Houve ainda quem aproveitasse para desenvolver projetos há muito desejados, como o João Amorim (Follow The Sun) que trabalhou num conjunto de novos presets de tratamento de imagens, ou a Catarina Leonardo (Wandering Kate) que lançou um e-book sobre viajar na gravidez.
Criatividade não tem faltado aos membros da ABVP durante esta crise provocada pela COVID-19 e continuará a não faltar, mesmo após o estado de emergência ser levantado e todos voltarem à rua.
Até porque o papel dos bloggers de viagem é levar o mundo aos seus leitores e, isso, nem uma pandemia pode parar.