Nome: Rafael Carvalho de Oliveira
Profissão: Arquivista / Bibliotecário / Documentalista
Local de residência: Torres Vedras
Blog: OLIRAF – Fotografia e Escrita de Viagens
1. Porque é que decidiste criar um blog de viagens?
Os meus amigos de Licenciatura [de História] incentivam-me a criar um espaço digital, fora das redes sociais da época (Facebook) para contar as minhas estórias e fotografias dos passeios de fim-de-semana que fazia em Portugal. Em 2011, o Blogue OLIRAF nascia. Pretendia uma “casa” onde pudesse conciliar os meus tempos livres preferidos – o gosto pela fotografia, a curiosidade pela História e o prazer da escrita de viagens – encontrassem uma morada. O nosso projeto fotográfico pretende conciliar o gosto pelas estórias da História, da Fotografia e das Viagens, com especial atenção ao património histórico-militar. Nas minhas viagens há sempre um motivo fotográfico e procuro sempre a melhor experiência para partilhar!
2. O que é que podemos encontrar no teu blog?
Podemos encontrar dicas, roteiros fotográficos, roadtrips, experiências de voluntariado ou crónicas de viagem que vão desde a temática do enoturismo ao turismo cultural, incluindo recriações históricas. Tenho roteiros e sugestões de viagem de regiões de Portugal, Espanha e Marrocos. Nos últimos anos, após a pandemia da covid-19, o nosso foco são as experiências focadas na exploração do turismo histórico-militar, em Portugal e no estrangeiro, acompanhadas de imagens e descrições das minhas experiências de viagens. Escrevi um artigo para a ABVP a falar da importância do turismo de nicho, particularmente o Turismo Militar. Na minha “morada” podemos encontrar a diversidade de paisagens e a beleza dos lugares. As pessoas fazem os lugares. Nas minhas viagens há sempre um motivo fotográfico. E o Turismo Histórico-Militar é sempre cabeça de cartaz!
3. Tens preferência especial por algum dos teus posts? Porquê?
O artigo sobre concelho mais radical e a norte de Portugal: Melgaço. Foi uma FAM TRIP, a convite do Município de Melgaço, no âmbito do Pegada Zero-III Jornadas de Turismo de Natureza (PNPG | Melgaço 2018), onde tive oportunidade de vivenciar inúmeras experiências radicais neste concelho minhoto, além de saborear a gastronomia local. Na minha opinião, este concelho minhoto, apesar da distância, tem uma oferta diversificada e com muitas valências que vão desde o enoturismo, desportos radicais, património histórico e religioso, entre outras. Faço o convite a todos [os leitores] a descobrir Melgaço e a região do Alto Minho! É uma ótima desculpa para fazer férias no interior de Portugal, longe dos grandes centros urbanos e dos destinos normais de férias. Não se vão arrepender!
4. Qual é a razão principal que te leva a viajar?
Curiosidade. O escritor francês Marcel Proust tem uma citação de que gosto particularmente: “A viagem de descobrimento não consiste em procurar novas paisagens, mas em ter novos olhos”. Quando folheio uma revista ou um romance histórico, fico com uma curiosidade imensa em ir conhecer um determinado monumento, cidade ou local que me fascinou nesse momento prazeroso que é a leitura. Para mim, as viagens começam com um livro. Viajar é uma motivação para contactar com novas culturas, modos de vida e, acima de tudo, ter experiências de vida fora da nossa realidade quotidiana que nos marquem e permitam tornar-nos pessoas melhores. Por exemplo, já fiz voluntariado na ASTA – Associação Socio-Terapêutica de Almeida (2013) e participei no Projeto LIFE Berlengas (2015) que me permitiu conhecer a Aldeia Histórica de Castelo Mendo e a Ilha da Berlenga, respetivamente. O Voluntariado, incluindo no turismo de experiências, pode ser uma excelente desculpa para ajudar uma comunidade local e valorizar-nos como pessoas, incluindo os nossos sentidos e talentos escondidos. Como afirmou Baden-Powell na obra “Escutismo para Rapazes”, o importante é deixar o Mundo um pouco melhor do que o encontramos! Viajar permite-nos, muitas vezes, valorizar o que temos! É uma forma de “abrir” os olhos e alargar horizontes. É o melhor ócio! Traz-nos conhecimento e liberdade. Evoluir e gerar mudanças positivas ao nosso redor.
5. Qual é a tua memória mais antiga de viagem?
França, Verão de 1994, quando visitei o imponente Monte Saint-Michel. Na altura, os meus pais eram monitores de uma colónia de férias na região da Normandia. Costumava acompanhá-los. Talvez o gosto pela estória e pelas viagens tenha começado aí.
6. Para ti, qual é o lado melhor de viajar para um país desconhecido? E o pior?
É perder-me e ser posto à prova pelos habitantes locais. Nunca mais esqueço a minha aventura pela histórica Medina de Marraquexe. Sem recurso a um guia, uma pessoa facilmente fica perdida no labiríntico mundo de ruelas e becos daquela cidade magrebina. Fora dos locais turísticos, a simplicidade e a genuinidade dos lugares vêm ao de cima. Pior? As pessoas não estarem abertas a receber-te. Em muitos lugares, o “exótico” somos nós…
7. Viajas com tudo programado, ou preferes ir à aventura?
Quando planeio uma viagem, opto sempre por fazer um roteiro de viagem, onde incluo os principais pontos que quero conhecer num determinado país, cidade ou região. Esse é o plano A. É fundamental ter tudo planeado e organizado, pois eu sou muito indeciso. Em viagem, por estranho que pareça, sou muito focado e decidido. Todavia, ocorrem imprevistos antes e durante a viagem. Nem sempre esses imprevistos são maus. Podem tornar-se uma autêntica aventura, onde a nossa viagem assume um carácter mais genuíno e autêntico. Quando estou no terreno, o Plano B emerge e a nossa experiência de viagem vem ao de cima, apelando ao nosso sentido aventureiro. E a aventura nasce! É sempre bom termos uma experiência, seja boa ou má, para contar aos nossos amigos e leitores, quando regressamos de uma viagem…
No terreno, o itinerário planificado antes de viajar, atempadamente, pode mudar num segundo. Acima de tudo, vou para onde o vento me leva! A viagem acrescenta [sempre] algo!
8. Qual é a tua cidade favorita?
É [muito] difícil esta pergunta. Não tenho cidades favoritas. Confesso que gosto de urbes agitadas, distantes e exóticas. Já visitei inúmeras cidades como Madrid, Marraquexe, Paris, Salamanca, Sevilha ou Granada. Gosto de cidades artísticas e com muita oferta cultural. E, claro, de perder-me pelas avenidas, ruas e becos para sentir o pulsar de uma cidade. Mas, se pudesse, escolheria uma: Évora. Vivi seis meses nesta cidade alentejana, no âmbito de um projeto profissional, adorei as pessoas, a vida pacata e a gastronomia local. Ia a pé para o trabalho e vinha almoçar a casa. Um luxo. Além disso, a cidade tem um património edificado que vale a pena conhecer e ficar um fim-de-semana.
9. Qual é o papel que achas que os blogs desempenham para outras pessoas que gostam de viajar?
Ainda hoje, os blogues são fontes de inspiração e de informação, bem como contribuem para a divulgação e consciencialização da importância do ato de viajar.
Os blogues [de viagem] inspiram as pessoas a viajar para locais menos acessíveis e conhecidos das pessoas. Permitem “viver” o sonho aos nossos leitores, com dicas e sugestões muito apelativas para diferentes públicos. E se tiverem vídeos, fotografias e textos apelativos são meio caminho para “conquistar” uma pessoa a conhecer e a vivenciar um determinado destino, seja no nosso país ou estrangeiro. Somos os viajantes do século XIX no século XXI!
10. Qual é o teu maior sonho de viagem ainda por cumprir?
Gostava de visitar a Ilha de São Tomé (Arquipélago de São Tomé e Príncipe).
Confesso que já tenho saudades de tirar férias e gozar os prazeres de uma longa viagem por países distantes e exóticos. Deixar-me levar pela aventura e beleza do desconhecido e estar aberto a novas experiências. É ótimo para alargar os horizontes através da observação dos hábitos e costumes dos diferentes povos. É importante não haver “intermediários” entre nós e os locais. Parece-me um lugar onde as pessoas têm o coração cheio e voltamos sempre com uma experiência para contar do que vivenciaste! Às vezes não é só o destino, é a viagem em si, a maneira como a experienciaste, as pessoas que conheceste… ao longo da jornada!