A fotografia como fonte de inspiração: Gonçalo Henriques (entrevista)

Nome: Gonçalo Henriques

Profissão: Arquiteto e Fotógrafo

Local de residência: Carcavelos

Blog: Num Postal

1. Porque é que decidiste criar um blog de viagens?

Tudo começou no final de 2019, quando comecei a pensar em criar um espaço onde conseguisse partilhar aquelas fotografias de viagem que não eram tão “instagramáveis”. Sempre gostei de fotografar em viagem e como tinha um arquivo grande, achei que tinha conteúdo para fazer algo acontecer. À medida que fui desenvolvendo o blog, mais vontade tinha para continuar a escrever e editar material para a página. Entretanto começou a pandemia e então tive ainda mais tempo para continuar a trabalhar neste projecto!

2. O que é que podemos encontrar no teu blog?

Acima de tudo, tento dar uma visão muito pessoal das minhas viagens, dando mais foco à fotografia como fonte de inspiração. Claro que acabo por destacar sempre os lugares por onde passo, com a ideia de incentivar os outros a explorarem cada destino com uma consciência mais crítica. Ao mesmo tempo, tento escrever e mostrar aquilo que eventualmente eu gostaria de ver quando estivesse a pesquisar sobre um destino.

3. Tens preferência especial por algum dos teus posts? Porquê?

Um dos posts de que mais gosto é o meu primeiro artigo: São Paulo, o meu ponto de partida. Infelizmente, comecei a viajar muito tarde de forma independente e neste artigo falo de algumas razões que me motivaram a alargar horizontes, e também sobre a incrível aventura dos sete meses que passei no Brasil. Tal como o título indica, foi o ponto de partida para criar este bichinho pelas viagens e foi igualmente marcado pelo período em que estive mais tempo fora de Portugal, e pela primeira vez em que viajei sozinho.

4. Qual é a razão principal que te leva a viajar?

Uma das principais razões deve-se ao facto de estar sempre à procura de conhecer coisas novas. Sou um curioso por natureza, e esta busca incessante pelo desconhecido cativa-me bastante. Estar sempre de um lado para o outro é também uma forma de expressar a minha liberdade, e é incrível quando podemos partilhar as nossas histórias com outras pessoas e ouvir o que nos têm para contar.

5. Na hora de escolher um destino de viagem, o que é que mais te influencia?

Já estive mais interessado por cidades, mas hoje em dia tento ir mais à procura da natureza e da montanha. Claro que se encontrar alguma promoção até uma cidade europeia não digo que não, mas gosto cada vez mais de lugares fora da caixa e de evitar multidões. Se no fim da viagem sentir que aproveitei o lugar e que de uma forma muito natural consegui registar uma história bonita do que visitei e das pessoas que conheci, vale tudo muito mais a pena!

6. Viajas com tudo programado, ou preferes ir à aventura?

Eu sou daquelas pessoas que vai com quase tudo pensado, mas acrescento sempre uma margem para não estar tão preso a um programa. Geralmente, para também estar mais descansado, marco sempre os alojamentos, identifico os lugares que quero visitar, mas só na noite anterior é que sei exactamente o que quero fazer no dia seguinte; ou simplesmente pode haver um dia emm que nem tenha grandes planos e deixo-me levar pela estrada.

7. Qual foi o primeiro sítio fora de Portugal que visitaste?

A primeira viagem que fiz para fora de Portugal foi através dos escuteiros. Tinha 11 anos quando fomos até Londres de autocarro; pelo meio parámos nos Pirenéus e em Paris dormimos ao relento, nos jardins em frente à Torre Eiffel. Foi épico! A melhor parte foi visitar lugares brutais durante os 20 dias desta viagem, e em Inglaterra estivemos em contacto com escuteiros de outros países e outras culturas. Para uma primeira viagem, pareceu-me que tinha dado quase uma volta ao mundo!

8. O que é que as viagens já te ensinaram?

Um dos maiores ensinamentos que aprendi em viagem foi a relativizar a vida, e que muitas vezes a felicidade está nas pequenas coisas. Isto até pode parecer um pouco cliché, mas a verdade é que há tanta miséria no mundo que muitas vezes nem nos apercebemos do quão privilegiados somos.

Algo que também aprendi recentemente foi a viajar devagar. Com o entusiasmo e a adrenalina de querer conhecer tudo e mais alguma coisa, vou-me apercebendo de que é preferível parar e observar o que nos rodeia com mais calma. Às vezes até é melhor ficar mais tempo além do que “é suposto”, para absorver da melhor forma o que cada lugar tem para oferecer.

9. Qual é o papel que achas que os blogs desempenham para outras pessoas que gostam de viajar?

Além de termos um papel fundamental para inspirar todos os que nos seguem e estão atentos às nossas partilhas sobre locais, alojamentos ou transportes, penso que somos bastante importantes porque acabamos por ter uma opinião mais pessoal, para que toda essa informação se torne mais fidedigna. Acho que também é preciso apostar forte na comunicação das nossas viagens, para que consigamos promover e incentivar o nosso público a viajar. De uma forma geral, podemos ser os melhores amigos de todos viajantes, pela maneira como dispomos de tantas ferramentas ao serviço dos outros.

10. Qual é o teu maior sonho de viagem ainda por cumprir?

Tenho vários, mas se pensar quase de uma forma utópica, o ideal seria conseguir viver de viagens e eventualmente comprar um bilhete de ida para algum lado sem data de regresso. Numa outra perspectiva mais atingível, um dos lugares que mais quero visitar é a Nova Zelândia, quer pela sua beleza natural, quer pelo desafio de ser um dos lugares mais longínquos que podemos visitar desde Portugal.

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Ana C. Borges
Ana C. Borges

Gosta de passeios longos e conversas intermináveis, de ver o que ainda não conhece e rever os lugares do coração. Fotografa para memória futura. Escreve porque lhe sabem bem as palavras. Viaja por paixão – e porque o mundo é demasiado grande para ficarmos quietos. É autora do blogue Viajar porque sim.

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