Nome: João Reis e Sara Silva
Profissão: Consultor e Escritora
Data de nascimento: 1979 e 1985
Local de nascimento: Porto e Braga
Local de residência: Portugal
Próximas viagens: Tenerife e Cabo Verde (quando a covid-19 o permitir)
Blog: No Footprint Nomads
1. O que significam as viagens para vocês?
Para nós, viajar é um curso na Universidade do Mundo. Mais impactante do que qualquer formação formal, a viagem catapulta o processo de desenvolvimento pessoal.
2. Entre os destinos que já visitaram, há algum que vos tenha marcado de forma especial? Contem-nos.
Escolhemos os nossos destinos sempre com um objetivo. Fomos para a Tailândia porque queríamos aprender sobre o Budismo; fomos para o Brasil porque queríamos assistir ao campeonato do mundo na terra do futebol; e fomos para Londres para aprender a trabalhar em viagem (como barman e empregada de mesa).
Apreciamos a cultura local quando viajamos mais devagar. Talvez por isso todos os destinos que visitámos nos marcaram de forma especial.
Se tivéssemos mesmo que escolher um, seria a Tailândia, porque é aquele que mais depressa chamaríamos de casa. Não pela beleza natural exuberante, nem pela culinária exótica, nem mesmo pelo silêncio dos templos. Foi pelo povo, esse sim, é especial.
Talvez pela influência esmagadora do Budismo (90% da população), pela ausência de ocupação colonial, ou pelos bons valores incutidos pelo falecido rei Bhumibol. O que sentimos, e que foi único na Tailândia, foi o respeito mútuo, um cuidado com o outro e com o espaço individual. Paz é a palavra que melhor resume a nossa experiência tailandesa.
3. O que mais vos influencia na hora de escolher um destino de viagem?
Essa decisão tem mudado bastante ao longo dos anos mas, atualmente, visitamos cidades ou países que consideraríamos viver. Quando gostamos, ficamos uns tempos por lá. Os nossos destinos para 2020 são Bankso na Bulgária, Budapeste na Hungria e Tbilisi na Geórgia. Das três, vamos escolher uma para passar uma temporada em 2021 (se a pandemia permitir).
4. Já viveram fora de Portugal mais que seis meses? Se sim, onde e o que retiraram dessa experiência?
Chamamos o mundo de “casa” desde 2010. Passámos por vários países, mas ficámos por períodos mais longos no Reino Unido, ilhas Caimão (essas mesmo, das contas offshore), Nicarágua, Brasil, Tailândia e, mais recentemente, Vietname. Para nós, não há nada como a sensação de liberdade e a excitação que começar de novo nos proporciona, de cada vez que nos “mudamos” para um novo lugar.
Mas mudar também acarreta impactos negativos: no ambiente, na carteira e na saúde. Sabemos que voar é das formas de transporte mais poluentes, por isso procuramos reduzir as nossas viagens ao mínimo.
Também não somos ricos. Trabalhamos remotamente, o que permite sermos flexíveis e ganharmos dinheiro enquanto viajamos. A saúde às vezes sofre com tanta mudança: comidas diferentes debilitam a Sara e eu demoro a recuperar os hábitos de exercício diário. Mas, no final, tudo dá certo e descobrimos que somos mais resilientes do que pensávamos.
5. Expliquem o que é o vosso blog de viagens e a razão da sua existência.
O nosso blog é a nossa vida. Somos nómadas, a viajar-viver devagarinho pelo mundo. A necessidade de partilha surgiu quando sentimos que tínhamos de descobrir formas responsáveis e sustentáveis de o fazer.
Apregoamos um estilo de vida minimalista (já não compramos roupa nova há anos, por exemplo) e exploramos formas de manter mente e corpo sãos, porque não ter casa permanente tem os seus desafios peculiares.
6. Como surgiu o nome do blog?
De uma semana inteira de brainstorming com um amigo querido. Ele vai rir-se ao ler isto, mas na altura chegámos a pensar em “Nomads with an iPhone” porque era cool. Deixámos de lado as óbvias referências à marca e, entre outras opções, decidimos por No Footprint Nomads – nómadas que aspiram a viajar sem pegada ecológica.
7. Destaquem um dos posts de que mais gostam no blog e expliquem porquê.
Aquele que mais profundamente descreve a nossa forma de estar e ver o mundo é um artigo chamado “Viajar com propósito”, que fala do que é ser e viver como nómada. Esperamos que ajude a convencer os indecisos. Também aborda os nossos valores pessoais, enquanto viajantes responsáveis.
8. Alguma dica para quem pretende começar agora um blog de viagens?
A dica mais valiosa que nos deram e que gostávamos de ter sabido logo desde o início veio da Alejandra, a Travel Fashion Girl. A dica é a seguinte: criar uma estrutura de conteúdo, como se fosse o índice de um livro. Desta forma, consegue-se visualizar o site mais facilmente e ter uma linha de orientação que nos permite focar no que é fundamental. O resto é acessório.
9. Que papel desempenham os blogs junto de outras pessoas que gostam de viajar?
Muita inspiração e, em alguns casos, informação. As pessoas confiam nos bloggers para planear as suas viagens. É como se o blog fosse a conversa com o amigo que foi de viagem. As pessoas gostam da familiaridade e de sonhar com uma vida que, muitas vezes, não lhes é possível terem.
Por outro lado, o turismo continua a aumentar, há cada vez mais viajantes, alguns com preocupações ambientais e sociais, mas ainda não somos suficientes. Gostaríamos de inspirar uma mudança nos viajantes que estão mais adormecidos para as questões da sustentabilidade.
10. Qual é o vosso maior sonho por cumprir?
Os sonhos só aumentam com os quilómetros e os anos. Um sonho mais mundano será fazer a linha do Expresso do Oriente – somos ambos loucos por viagens de comboio. Um sonho utópico: que acabem as fronteiras físicas entre países, para que viajar não seja um privilégio de alguns, mas um direito de todos.
Leia também: Como Viajar de Forma Sustentável