Os médicos aventureiros: Marina & Axel (entrevista)

Nome: Marina Santos e Axel Ferreira

Profissão: Médicos

Data de nascimento: 1991, 1990

Local de nascimento: Champigny-sur-Marne (França), Chaves (Portugal)

Local de residência: Porto

Próximas viagens: 5 meses na Ásia

Blog: Destinos Vividos

1. O que significam as viagens para si? (Todas as respostas são da Marina)

Para simplificar, diria que as viagens fazem parte da minha identidade, são essenciais ao meu bem-estar. Se não estou a planear uma viagem, estou à procura de um novo desafio, uma nova aventura. Passo muito tempo a ler blogs e livros de viagens ou a escrever no Destinos Vividos.

As viagens acabam por ser um desafio. Obrigam-nos a sair da nossa zona de conforto, a improvisar e ultrapassar limites. Quando regressamos de uma viagem, temos sempre uma peripécia para contar. As viagens são aprendizagem, enriquecem a alma e trazem-nos liberdade.

Por fim, acho que as viagens fazem-me dar mais valor às pequenas coisas. Adoro caminhar pela baixa do Porto, ouvir o Sr. João a reclamar com as gaivotas e ver a Dona Emília a pendurar a roupa na varanda. Não me farto de olhar para o rio Douro, de metro ou de comboio, e nunca perco uma oportunidade para assistir ao pôr do sol no Atlântico. 

2. Entre os destinos que já visitou, há algum que a tenha marcado de forma especial?

Esta é fácil: o México em 2016. Foi a nossa primeira roadtrip e uma experiência transcendental. Percorremos cerca de 3000 km entre o Yucatan e o Chiapas, fomos parados mais de 10 vezes pela polícia, apanhámos mais de 20 sustos por causa dos topes e buracos na estrada; acabámos sem a única matrícula do nosso carro por causa de uma multa de estacionamento.

Para além dessas peripécias, também falámos quase uma hora com um senhor que nunca tinha visto montanhas, nadámos com tartarugas no mar de Akumal, remámos ao nascer do sol numa laguna de sete cores, mergulhámos em 10 magníficos cenotes do Yucatan e experimentámos uns 20 pratos diferentes, sempre com vontade de nunca mais partirmos. Ainda bem que o Axel escolheu este destino para a nossa lua de mel.

3. O que mais a influencia na hora de escolher um destino de viagem?

Geralmente, sou eu a escolher o próximo destino, diretamente ou indiretamente, e sou influenciada pela experiência de outras pessoas com quem me vou cruzando pelo caminho ou nas redes sociais. A minha bucket list está constantemente a sofrer alterações. As vontades vão mudando ao longo das viagens. Se hoje quero muito conhecer a Patagónia, já sei que daqui a um ano o meu destino de sonho será outro totalmente diferente.

4. Já viveu fora de Portugal mais que seis meses? Se sim, onde e o que retirou dessa experiência?

Vivi 18 anos em França, onde nasci. Decidi inscrever-me na faculdade em Portugal e, passados quatro anos, voltei a Paris com o Axel. Vivemos no centro da capital francesa durante mais de um ano e foi simplesmente incrível.

Para mim, essa experiência foi a confirmação de que tinha feito a escolha certa anos antes. Adoro França, é um país lindíssimo com um património invejável, mas sou muito mais feliz em Portugal. O que importa no dia a dia são as pessoas, os laços que criamos, a partilha e a boa disposição. Nisso os portugueses são imbatíveis.

5. Explique o que é o seu blog de viagens e a razão da sua existência.

O Destinos Vividos nasceu no início de 2016, logo após a nossa primeira grande viagem: 3 semanas de mochila às costas na Tailândia. Era a nossa viagem de finalistas, tínhamos um orçamento apertado, mas queríamos desbravar mundo e viver uma aventura inesquecível.

Éramos novatos, não sabíamos bem por onde começar para organizar a viagem. Foi nessa altura que fiquei viciada em blogs de viagem. Li dezenas e encontrei informações que não vinham em nenhum guia de viagem, pois eram fruto de experiências reais. Percebi assim a importância dos blogs e, quando regressei da Tailândia, tinha informações novas que queria partilhar com futuros viajantes.

Demorei pouco mais de 2 meses a criar o Destinos Vividos e um mês para ganhar coragem e partilhar os primeiros artigos. O principal objetivo é ajudar outras pessoas a organizarem as suas próprias viagens, de forma independente.

6. Como surgiu o nome do blog?

O nome surgiu de forma muito natural, durante uma conversa. Comentava o facto de gostarmos de experiências autênticas e de querermos “viver” os nossos destinos. Se na altura fiquei com dúvidas, hoje tenho a certeza que este é o nome perfeito.

7. Destaque um dos posts de que mais gosta no blog e explique porquê.

Um dos artigos favoritos é bastante recente, sobre a nossa roadtrip pelos Alpes. Adorei escrevê-lo, desenhar os mapas e organizar as fotografias. Apesar de ter dado imenso trabalho, gozei cada segundo.

A beleza das Dolomitas, na Itália.

8. Alguma dica para quem pretende começar agora um blog de viagens?

Todos os dias aparecem novos blogs. Os que acabam por crescer são aqueles que nascem de uma verdadeira paixão. Criar um blog não é difícil, o que custa é mantê-lo e alimentá-lo. Para fazê-lo crescer é preciso ter imensa paciência, alguma obsessão e muita dedicação.

9. Que papel desempenham os blogs junto de outras pessoas que gostam de viajar?

Os blogs são a minha maior fonte de inspiração e informação; compro cada vez menos guias de viagem. Prefiro perder mais tempo a pesquisar e encontrar experiências mais autênticas. Pela minha (curta) experiência como blogger, acho que cada vez mais pessoas procuram dicas e informações que não vêm nos guias. Recebo muitas mensagens de pessoas que se inspiram nas nossas viagens  e que seguem os nossos passos. E isso não tem preço.

10. Qual é o seu maior sonho por cumprir?

Estou prestes a cumprir um dos maiores sonhos. Tirámos uma licença sem vencimento de 5 meses para poder fazer voluntariado médico na Ásia. Iremos iniciar esta aventura já no próximo mês. Vivo um sonho de cada vez, estou ansiosa por saber qual será o próximo.

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Ruthia Portelinha
Ruthia Portelinha

Viajante, mãe babada, chocólatra, amante de livros e museus.
Autora do blog O Berço do Mundo.

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